THALES LORDÃO DIAS

 


Thales Lordão Dias nasceu em Natal, capital litorânea do Rio Grande do Norte, mas é no Seridó, onde estão suas raízes, que reconhece sua verdadeira identidade. Carrega no sangue e nos passos que trilha os caminhos percorridos por seus antepassados — os Fernandes Pimenta, Araújo Pereira e Lopes Galvão — famílias que figuram entre os povoadores do Seridó e ajudaram a moldar sua paisagem social e política. É filho de Cláudio Carlos Dias e Simone Lordão Monteiro Dias, casado com Ailma Almeida Dias de Souza Lordão e pai de Ruy de Almeida Lordão Dias e Ruth de Almeida Lordão.

 

Tornou-se, desde 2012, cidadão honorífico de Parelhas, cidade onde atua profissionalmente como advogado e à qual dedica parte significativa de sua produção intelectual. Recebeu em 2024 a Medalha do Mérito Legislativo, comenda ofertada pela Câmara Municipal de Parelhas, pelos relevantes serviços prestados ao município, em especial nas áreas de direito, história e contribuição para o desenvolvimento cultural e educacional.

Além de advogado em Parelhas, é historiador e servidor público federal, atualmente lotado no Campus da UFRN em Caicó. Entre 2009 e 2012, atuou como assessor na Procuradoria Jurídica da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. De 2012 a 2017, foi sócio do escritório de advocacia Serêjo e Lordão Dias em Natal. Mais recentemente, prestou assessoria jurídica voluntária à Prefeitura de Parelhas, entre 2021 e 2022.

Graduado em Direito e especialista em Direito Constitucional e Eleitoral pela UFRN, além de licenciado em História pela UFMS, concluiu o mestrado em História do Direito na UFRN com a dissertação “Vós sabeis como as cousas se passam”: Magistratura, Política e Clientelismo nos Sertões (Seridó, 1858–1907). Nela, lançou luz sobre a relação entre o poder judiciário e as elites políticas seridoenses no século XIX, com destaque para a figura de Dr. Manoel José Fernandes, magistrado que, ao longo de mais de quatro décadas, desempenhou papel crucial na construção das estruturas locais de poder e foi reconhecido como o patriarca da Justiça no Seridó.

Atualmente, cursa o doutorado em História, também pela UFRN. Seu projeto investiga a campanha eleitoral de 1889 para deputado geral — as últimas eleições do Império — que evidenciaram a polarização entre as elites do litoral e do sertão. De um lado, Amaro Bezerra, representante das elites litorâneas; de outro, José Bernardo de Medeiros, o Bispo do Seridó, símbolo da força política sertaneja. A pesquisa amplia os caminhos abertos por sua dissertação, aprofundando a compreensão das disputas pelo poder no contexto da transição monárquico-republicana.

Possui diversos artigos e capítulos de livro publicados, sendo ainda autor do livro Capítulos da História de Parelhas, em dois volumes, com lançamento previsto para janeiro de 2026, por ocasião do centenário de emancipação política do município. A obra reúne reflexões sobre a formação histórica da cidade, reafirmando seu compromisso com a preservação da memória regional e com o estudo das raízes do sertão potiguar.


Com base no documento fornecido, aqui está um resumo sintético e objetivo da dissertação:

A dissertação "'Vós sabeis como as cousas se passam': Magistratura, política e clientelismo nos sertões (Seridó, 1858 – 1907)", de Thales Lordão Dias, é um trabalho de mestrado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), apresentado em 2023.

O estudo analisa a inserção e a atuação política de magistrados na região do Seridó, no Rio Grande do Norte, durante o final do Império e o início da República (1858-1907). A pesquisa investiga como os cargos da magistratura eram utilizados para fins políticos, inseridos em uma complexa rede de clientelismo, alianças familiares e disputas de poder.

A metodologia principal é um estudo prosopográfico (biografia coletiva) dos magistrados que atuaram na região, utilizando fontes como jornais da época (hemerográficas), processos judiciais, legislação e relatórios de governantes.

A pesquisa tem como fio condutor e caso paradigma a trajetória do Dr. Manoel José Fernandes, um magistrado seridoense que, por mais de 40 anos (1861-1907), foi também um influente chefe político local, primeiro do Partido Liberal e depois do Partido Republicano. Sua carreira é usada para demonstrar a importância das redes de compadrio e dos laços familiares para que as elites locais mantivessem seu prestígio e status social.

Além disso, o trabalho discute como o imaginário do sertão — visto como uma "terra sem lei, despovoada, incivilizada" — influenciava a escolha e a atuação dos juízes nomeados para as comarcas da região. Em suma, a dissertação argumenta que o Poder Judiciário no Seridó não era uma instituição autônoma, mas uma peça fundamental no jogo político e na manutenção das estruturas de poder das elites locais.

Resumo 
Na presente dissertação buscamos analisar a inserção polftica dos magistrados nos sertões do Seridó norte-rio-grandense, entre 1858 e 1907, cujas formas de atuação investigamos por meio de um estudo prosopográfico, a partir de fontes hemerográficas e judiciais, bem como da legislação sobre o Poder Judiciário e sobre eleições, além dos relatórios dos presidentes de provincias/estados e do Ministro da Justiça. Dialogando com conceitos como os de história política, elites, clientelismo e redes de sociabilidades, buscamos compreender a di- nâmica da ocupação dos cargos de magistrados e de sua utilização para fins políticos, analisando de que forma um ideário de sertão como terra sem lei, despovoada, incivilizada, influenciou nas escolhas dos magistrados para atuarem nas comarcas sertanejas. Recorrendo a uma perspectiva micro histórica, tomamos como paradigma Dr. Manoel José Fernandes, magistrado seridoense que, durante mais de qua- renta anos (1861-1907), esteve inserido na vida política seridoense, como chefe do Partido Liberal, durante a monarquia, e, proclamada a República, do Partido Republicano, cujas trajetórias profissional e política reconstruímos, confrontando-as com as daqueles magistrados que atuaram nos sertőes do Seridó e buscando demonstrar a importância das redes de compadrio e, em seu núcleo, do grupo familial, para que as elites políticas locais mantivessem seu prestígio e status social. Metodologicamente, partimos da revisão bibliográfica, va- lendo-nos ainda do paradigma indiciário, e adotando a micro-história e a ligação nominativa como abordagens no manejo das fontes. 


Homem de terno e gravata em frente a prateleira com livros

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